Você piscou, e pronto: agora tem influenciador que nunca nasceu, nunca comeu um pão com manteiga e nunca perdeu o ônibus. Mas tá lá, bombando no Instagram, fazendo publi pra marca de shampoo e ganhando mais seguidor do que a gente vai conseguir na vida inteira. Bem-vindo à era dos influenciadores virtuais e avatares com inteligência artificial. Ou, como eu gosto de chamar: “as Kardashians do metaverso.”
Neste artigo, vamos dar aquele mergulho maroto nesse universo onde a perfeição é programada, os sorrisos são renderizados e a treta pode ser resolvida com um simples “Ctrl+Z”.

De onde saíram esses bonecos digitais?
Antes de tudo, deixa eu explicar rapidinho o que são esses influenciadores virtuais — porque vai que você caiu aqui só porque digitou “avatar gostoso com IA” no Google, né?
Influenciadores virtuais são personagens digitais criados por empresas ou artistas, que vivem nas redes sociais como se fossem gente real. Eles têm nome, personalidade, estilo, agenda de posts, parceria paga e até cancelamento. E sim, tem gente que conversa com eles achando que é de verdade. Mas calma, não julga. Quem nunca mandou um “oi sumido” pro chatbot do banco?
Mas por que isso virou moda?
Boa pergunta, meu caro Watson. A resposta pode ser resumida em três palavrinhas mágicas: controle, perfeição e grana.
As marcas perceberam que criar um avatar virtual é bem mais fácil do que lidar com gente de verdade. O boneco digital não atrasa job, não reclama do cachê, não posta textão quando briga com o namorado e, o mais importante: não envelhece. É tipo um influenciador versão imortal.
Além disso, esses avatares podem ser moldados ao gosto do freguês. Quer uma influenciadora asiática gamer com cabelo rosa neon e apaixonada por sustentabilidade? Toma. Quer um modelo africano androide que curte jazz e arte de rua? Tá feito. É só abrir o Photoshop da alma e deixar a criatividade voar.
Quem são esses bonitos?
Tem uma galera já fazendo sucesso por aí. Se liga em alguns nomes:
- Lil Miquela: talvez a mais famosa. Ela é tipo a Beyoncé do mundo digital. Tem mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, já fez publi com Prada, Calvin Klein e outras marcas que a gente só entra na loja pra pegar ar-condicionado.
- Shudu Gram: uma modelo virtual que parece saída direto da Vogue. Criada por um fotógrafo britânico, ela é tão realista que até hoje tem gente que jura que é de carne e osso.
- Lu do Magalu: se você é brasileiro e nunca viu essa moça dançando no TikTok ou vendendo geladeira no Insta, você tá vivendo num bunker. A Lu é tipo a Garota-Propaganda 2.0 — e ela já tá nessa vida digital desde antes de ser modinha.
Tem muito mais, claro. Cada vez que você atualiza o feed, brota um novo ser digital com carão de passarela e legenda fofa com emoji.
E a IA entra onde nessa história?
Ah, meu amigo… Agora que a parada fica ainda mais Black Mirror.
A inteligência artificial virou o motorzinho por trás desses avatares. No começo, era tudo na base do Photoshop e de muito café pra equipe de social media. Mas agora? É IA que gera as imagens, escreve os posts, responde comentários e até faz vídeo com dancinha sincronizada.
Estamos falando de robôs que aprendem com o público, ajustam o conteúdo conforme o engajamento, e já estão começando a criar conteúdo original sozinhos. Já tem avatar fazendo música, apresentando programa e até dando opinião sobre política (o que, vamos ser sinceros, nem todo ser humano devia fazer).
Basicamente, estamos vendo nascer as primeiras celebridades que não precisam dormir, comer ou reclamar da vida no Twitter. E elas ainda ganham dinheiro com isso. Tá fácil pra elas, né?
O impacto na vida real (spoiler: é doido)
Agora que você já entendeu o que tá rolando, bora pensar um pouco nas consequências dessa brincadeira de “criar gente do zero”.
1. O mercado de influência virou Hunger Games
Com a chegada dos avatares digitais, os influenciadores humanos vão ter que suar a camisa — ou pelo menos postar mais stories na academia. As marcas estão de olho nessas figuras virtuais que são 100% gerenciáveis e livres de polêmicas (ou quase). E isso pode mudar a lógica do jogo. Se antes bastava ser bonito e saber fazer uma dancinha, agora você tá competindo com personagens que são esculpidos em CGI e treinados em machine learning.
2. O público se apega MESMO
Tem gente que chora quando o avatar termina o namoro com outro avatar. Tem fã-clube, shipper, fã-fic, tudo igualzinho ao mundo real. A diferença? Esses personagens são programados pra te agradar. Eles vão sempre dizer o que você quer ouvir, vão responder com emojis fofos e nunca vão xingar sua mãe nos comentários.
Isso levanta uma pergunta meio existencial: até onde a gente vai aceitar relações com entidades digitais como “válidas”? Pode parecer exagero agora, mas daqui a pouco vai ter casamento com IA no cartório do metaverso. E vai ter bolo.
3. Tá rolando treta ética também
Claro, nem tudo são flores no jardim dos algoritmos. Tem uma galera bem preocupada com o uso de influenciadores virtuais por conta de:
- Representatividade fake: criar um avatar negro, asiático ou indígena só pra surfar na onda da diversidade, mas sem ter nenhuma pessoa dessas envolvida no projeto? É, isso não cola.
- Manipulação de público: essas figuras podem ser programadas pra vender qualquer coisa, sem transparência. E se você não sabe que tá falando com um bot, isso vira uma baita armadilha.
- Trampo sumindo: se as empresas começam a preferir bonecos digitais, o que vai acontecer com os influenciadores reais? (Spoiler: vão virar Uber?)
Tá, mas isso vai durar?
Cara, vai. E vai crescer muito.
O mercado de avatares e influenciadores virtuais tá só começando a bombar. A estimativa é que esse setor movimente bilhões de dólares nos próximos anos. O metaverso, os games, a realidade aumentada… tudo vai empurrar a galera pra esse tipo de interação mais digital e menos “gente de verdade”.
E olha, por mais esquisito que pareça, a gente vai se acostumar. Igual aconteceu com os filtros no Instagram: primeiro você acha ridículo, depois não posta mais sem eles. Daqui a pouco, você vai querer um avatar pra ir no lugar daquele call chato da empresa.
No fim das contas…
A revolução dos influenciadores virtuais não é só sobre tecnologia. É sobre a forma como a gente se relaciona com o mundo, com as marcas, com o conteúdo e até com a ideia de ser humano.
Estamos construindo uma realidade onde o “real” é negociável. E isso pode ser tanto mágico quanto meio apavorante. Mas uma coisa é certa: vai dar muito conteúdo.
Então segura esse like, compartilha com aquele amigo que acha que a Lu do Magalu é real e prepara o coração. Porque do jeito que as coisas vão, o próximo influenciador de sucesso pode ser um poodle cyborgue que fala 7 línguas e dança reggaeton.